Por Priscilla RiosMolha a boca e queima como pimenta
Pinica o corpo como carrapicho
Incomoda como etiqueta de camiseta
Aborrece como pedrinha no sapato
Arde os olhos como cebola nova
Desnorteia como bússola quebrada
Dói como bolhas nos pés
...
E como as frases acima, nunca têm um ponto final. Você pode ter 15 ou 55, é organicamente impossível evitar. O cérebro perde o filtro e palavras torpes e doloridas são balbuciadas sem efeito. Satirizadas. Ridicularizadas. Reduzidas a alucinações disformes. Delírios sem alvo. Desmorona utopias e sonhos arquitetonicamente perfeitos. Geograficamente, é como em um terremoto, dura alguns segundos mas parece eternidade. Teoricamente, acontece quando as placas tectônicas da confiança mudam de lugar e uma cratera se abre sob nossos pés.
Na prática, você grita, esperneia, exemplifica com mágoas passadas, diz que vai fazer o mesmo, transpira ironia, faz bico, dá de ombros, franze a testa, finge que não está nem aí e escolhe com precisão palavras de perder o prumo. Tateia no escuro algo confiável, quando desconfia até da sua própria sombra. Gramaticamente é regra: somente nesses casos ciúmes e sem chão viram sinônimos.
Na prática, você grita, esperneia, exemplifica com mágoas passadas, diz que vai fazer o mesmo, transpira ironia, faz bico, dá de ombros, franze a testa, finge que não está nem aí e escolhe com precisão palavras de perder o prumo. Tateia no escuro algo confiável, quando desconfia até da sua própria sombra. Gramaticamente é regra: somente nesses casos ciúmes e sem chão viram sinônimos.