quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A implosão de uma ideologia O MURO DE BER£IM

Foto: FCunha

Por Priscilla Rios

Estamos na semana em que o mundo enche as canecas para brindar a queda de 1378 km de comunismo na Alemanha. Naquela época a Berlim oriental ditava ordens e atrasava o globo. Fiquei impressionada ao ler na reportagem de Diogo Schelp que as ordens fardadas valiam até para o relógio biológico das crianças. Elas tinham que ir ao banheiro, todas, ao mesmo tempo. E se a noção de humanismo era torpe, a sua vizinha, a economia, não andava lá essas coisas e também era meio cega e surda.

Só nos tempos de RDA (República Democrática da Alemanha - leia-se comunismo) um carro velho valia mais que o recém saído da fábrica da mesma marca. E os compradores como que ansiando um visto para a liberdade, esperavam 15 anos na fila para finalmente estacionar o possante na garagem (eu me pergunto de que adiantava ter um possante, se nem podia cruzar os limites do muro?). E se estragasse uma peça do carango daí só na próxima encarnação pra vê-la chegar. Mas claro que esse era o menor dos problemas em terras esquerdistas.

Hoje, lendo a reportagem percebo que as cicatrizes no chão de Berlim (como bem observou Schelp) apontando para onde seguia o muro, são feridas concretadas pelo tempo. O frescor das novas gerações não carregam mais o peso do muro nas costas nem a divisão ideológica do muro na consciência.

O muro só não foi amputado dos programas humorísticos, insistentes no estereótipo de que a mi$éria oriental ainda engorda ao lado e divide planos, curvas e superfícies com a rica Berlim do ocidente.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um perrengue só


Por Priscilla Rios

Mulher quando quer uma coisa, ela QUER. Fecha a cara, bate o pé, vira o ‘mimo’ do avesso. Faz o difícil parecer mais fácil só pra mostrar para os amigos.

Mulher quando não quer, NÃO QUER. Complica o simples, dá nó em gota da água, embaralha o pensamento.

Mas quando pinta dúvida e ela já não sabe se vai ou se fica, se quer ou se não quer, daí sim empaca o andar da carruagem. Tudo simplesmente não sai do lugar. E até que se decida pelo sim pelo não, empilha queixas nas prateleiras, joga a culpa no marido, no namorado, nas amigas e em quem mais estiver por perto. Amassa desculpas na mochila, fazendo tipo de quem vai embora. Deixa crescer na cabeça fiapos de esperança e pontinhas de inveja de quem já tomou a decisão. Como quem se apronta pra sair feito “porra loca” no mundo, veste teorias ensandecidas e abotoa dores de cotovelo. Vive um período “past perfect”: “ai se eu tivesse feito isso, ai se eu tivesse feito aquilo”. E nessa mesma terra roxa onde as ideias brotam, chora o leite derramado.

domingo, 18 de outubro de 2009

Un petit morceau de paradis....



por Priscilla Rios
Ai ai a França.... com seu savoir fair, seus chateux belíssimos, seu cheirinho de plenitude e eternidade. Ruas inteiras de história, salpicadas com o sentimento outonal das folhas marrons que cobrem as calçadas, tão bucólica quanto suas árvores com caules desenhados.

Em Paris, a village tem um perfume diferente de qualquer outro lugar do mundo, os prédios seculares cheiram a bibliotecas, e as bibliotecas históricas cheiram a templos, e os templos ainda guardam em seus portais secretos uma singularidade histórica cheia de excitação. Lá nos sentimos personagem dos livros de História, testemunha ocular do Iluminismo, a apenas alguns passinhos de Voltaire no Pantheón.

Voilá a terra dos bonvivants, dos queijos, vinhos e baguetes, do crepe, da moda, do parfum, das relíquias, das estátuas esculturais, dos singelos passeios de bicicleta e de entonadas declarações de amor. Trop charmant.

Mesmo o tempo que nada perdoa, só agrega a Paris.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Déjà-vu


Por Priscilla Rios

A vida, definitivamente, é cíclica. Ainda bem porque, às vezes, nem quando o caos se repete a gente aprende com ele. É a época de falar sozinha o tempo todo, pensar a mesma coisa o dia inteiro, não produzir nada que preste e colecionar conselhos.

Completely lost, o real e o manipulado pela mente doentiamente apaixonada se misturam e ganham dimensões dramáticas. “E agora, como viver sem ele??” Até um urso é capaz de te dar instruções mais simples, mas você só escuta a idade batendo na porta. Pensa: “já estou ficando velha, mal consigo ouvir”. Com essa desculpa lavada, não escuta nada nem ninguém. Sai com o mapa na mão, esperando uma luz no fim do túnel.

Pegar a estrada de novo, depois de um relacionamento em flagelos vai do entediante ao desespero. “E se não aparecer ninguém montado no cavalo branco?” “E se acumularem mais sapos nas prateleiras? E se começar a me contentar com isso?”

Vai ser a mesma ladainha de sempre, com direito ao pacote completo. Sonhar de novo, se iludir de novo e entregar de mão beijada seus maiores planos. Você pensa: “Porque isso só acontece comigo? Que graça tem nesse déjà-vu?”

A resposta fermenta ao lado... no criado-mudo. Pra mais tarde (.... colocar a dentadura no copo e...) poder rir de tudo isso.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Full for youuuuu


Por Priscilla Rios

Como é duro dar o braço a torcer. Admitir, engolir seco e voltar atrás. Nada parece ser como antes, o cristal já rachou, a mágoa praticamente criou raízes, mas entre o pensar e o balbuciar há um abismo tão grande que quase perde o sentido tocar na ferida.

O certo e o errado perdem a razão, a inocência de antes ganha ares devassos e todas as palavras soam com duplo sentido.

Se a culpa é um fardo duro de carregar, o orgulho é um fardo levado a sério demais pra ser deixado de lado. Tudo pesa em dobro na balança e deixa duplamente dividido.

E mesmo quando você já sabe a resposta, fazer o certo é sempre muito mais difícil. Requer mais do que coragem (e é facilmente confundido com humilhação), requer força de vontade + 100% certeza. Todo mundo quer ter 100% certeza antes de tomar uma decisão DEFINITIVA. O problema é que essa “certeza” raramente conhece a DEFINIÇÃO dos 100%.

Se arriscar, dar o braço a torcer e se jogar de costas na incerteza, sem saber se o feedback será positivo ou negativo parece tão louco e tempestuoso do que simplesmente “deixar a vida me levar”.

Ai ai.. se a gente tivesse o dom de simplificar as coisas. Mas basicamente - assim como é mais fácil fazer o errado - complicar sempre parece mais simples. É com essa ilusão de simplicidade que a gente vive quebrando a cachola, tentando desentortar pau que nasce torto... atando e desatando nós como quem resolve aprender crochê da noite para o dia, sem saber exatamente o quê estamos construindo ou destruindo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Papo cabeça

Ilustração: Fred Blunt
Priscilla Rios
Uma amiga fono soube por um neuro que nós perdemos 50 mil neurônios por dia. ¿Perdemos acredita? Viram pó! E o pior, não nascem outros depois... a gente não renova o estoque.
Fiquei me sentindo literalmente 50 mil vezes mais burra ou quem sabe, o certo seria 50 mil vezes mais lenta. Como ela mesma disse, o negócio é que com os anos fica mais difícil juntar o “lé” com o “cré”. Um neurônio grita e o outro está tão longe que não escuta e isso acontece no exato momento em que alguém resolve te cumprimentar na rua e você não lembra de onde a conhece e menos ainda, o nome da pessoa. Fica lá meia hora conversando e fingindo entender tudo o que ela está te falando, enquanto tenta desesperadamente lembrar!! Outro momento oportuno é quando você resolve contar sua melhor piada e esquece o final, todo mundo fica te olhando com cara de tacho e você fica lá - como é que era mesmo????.....???? - e consegue estragar a única boa que ficou arquivada.
No final sobram lembranças vagas e isoladas do tempo, e, se não me falhe a memória, na última gaveta à esquerda, um punhado de sapequices em preto e branco, obras primas da infância. Aquelas que a gente recorda com suspiros, e toda vez que conta aumenta um pouquinho pra ficar mais poético.O que conforta é que com o tic tac do relógio a cabeça fica oca, mas o coração termina cheinho. Só não vale perder a cabeça por qualquer motivo senão não tem coração que aguente.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tudo na cabeça e nada pra vestir


Por Priscilla Rios
Escancara o guardaroupa sem hífen e com as roupas batidas de sempre e não acha nada. Corre de um lado pro outro tentando conectar calças, blusas, meias e penteados. Pensa em quem vai estar lá. Quem não vai. Se está chique demais ou de menos. Para de frente, de lado e de costas pro espelho. Daí nota aquela gordurinha localizada. Murcha a barriga na hora. Lembra da academia que prometeu começar 1 século e meio atrás. Totalmente contrariada com a barriga, troca de roupa... pela terceira vez. Daí também tem que trocar o sapato. Tudo era tão mais fácil quando a mãe nos vestia com conjuntinhos. Tem que pensar nos acessórios. Nada combina. A dúvida que não quer calar: troca de roupa pra usar um acessório que combina ou vai pelada usando apenas aquela pulseira baiana que comprou há décadas e nunca achou nem roupa nem oportunidade decente? Prende o cabelo, passa batom + blush. Tudo ao som de sonoras reclamações do tipo: estamos atrasados + olha a hora + to te esperando no carro. No caminho de pegar a bolsa dá mais uma olhadinha no espelho. Esqueceu o brinco, o cabelo preso ficou estranho e a bolsa não combina. Procura outra bolsa (rápido!). Tira tudo de dentro de uma e põe na outra o mais rápido que pode. Agora a sinfonia tem melodia: a buzina do carro. Fecha a bolsa correndo, se livra da presilha no caminho, deixa cair a tarraxinha do brinco na pressa (leia-se: lei de Murphy). Agacha-se pra pegar a tarraxinha e lá vem mais buzina. Pensa: “@pUtZ#... agora vai assim mesmo”. Entra no carro sem olhar pra trás. Sem brinco, sem tarraxa, sem chave, sem celular... com uma mão na frente e outra atrás, só com a roupa do corpo.

sábado, 11 de julho de 2009

O homem genérico

Por Priscilla Rios
Uma amiga chorou quatro horas porque o homem genérico está em falta nas prateleiras (quem tem não empresta, não vende e não usa que é pra não gastar). Eles devem ter entrado em promoção e praticamente esgotado. Quando encontra um com todas as qualidades (que preenchem seus sonhos de consumo) detalhadas na bula, você nem acredita e espalha por aí o seu achado. Se tivesse dois levava dois por precaução.
Parece negócio da China, mas esse homem dos sonhos custa caro.
Isso porque o ser humano é complicado. Afinal ser “humano” ainda é recente. Viajando um pouco mais na História, inclusive o termo “pessoa” não significava em princípio ser humano. “Persona significava a máscara usada pelos atores para tornar a voz vibrante e sonora. Depois a palavra passou a indicar o ator mascarado ou o personagem por ele representado. (...) Só mais tarde o vocábulo foi empregado para designar o homem em sentido genérico.”. (Alberto do Amaral Jr)
Se caiu a máscara eu não sei, mas está difícil achar o genérico nas rodinhas sociais. Ou eles aprenderam a atuar agora ou representavam muito melhor no passado... ai se a gente pudesse voltar no tempo... só ia ter hipocondríaco nesse mundo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Uma viagem ao Simple Past


Por Priscilla Rios
A gente nunca vê a própria vida com olhos distantes, com olhos de fora. Estamos sempre mergulhados demais na nossa realidade pra enxergar. Mas quando o relacionamento emperra ou vira pó tem sempre dois caminhos inevitáveis: primeiro culpar o outro e quando os anos passam, culpar a si mesmo. Quem dera tudo o que ficou pra trás fosse como em Inglês, “Simple Past”. Em alguns relacionamentos desencane, você nunca vai saber exatamente onde errou... O que disse, o que fez, o que vestiu ou tudo isso junto. Em outros, você tem uma leve desconfiança, mas vai ser difícil admitir que foi “só por isso!”. Somente quando a estação traz novos ares a gente consegue respirar o passado com a despreocupação que ele merece. Alguns levam décadas, alguns nunca entendem e outros nunca esquecem.
....

Não perca tempo fantasiando um final diferente. A vida não é feita de um único capítulo. Antes de embarcar numa nova aventura, seja ela corriqueira ou duradoura, vire definitivamente a página. Não tenha medo nem preguiça de começar tudo de novo, apenas se dedique a fazer dar certo. Separe um tempinho pra fazer planos ouvindo música. Viaje. E quando estiver aberta ao futuro não se preocupe com os modos (pessoais ou verbais) apenas busque afinidades. Lembre-se: o primeiro sinal de afinidade é o fato dos dois freqüentarem os mesmos lugares. Então apenas freqüente os lugares que você mais gosta... “aquele” barzinho, a casa dos amigos, cinema, show... quando estiver sendo totalmente você vai ser mais fácil esbarrar por aí no protagonista da sua história e dar um “start” no seu “Future Progressive”.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quem está nessa sopa???


Por Priscilla Rios
O sofrimento dá um caldo poético. Quando se está feliz demais parece que as coisas se tornam indescritíveis. Quanto mais profunda a dor, mais escuro fica o coração e mais claras as palavras. Esse momento de lucidez que se tem do sofrimento é uma teatralização temperada com drama facinho facinho de virar espetáculo. Porém, quando o ponteiro começa a marcar os bons tempos, as pessoas desaparecem... o telefone não toca nem pede mais conselhos... e as páginas ficam em branco. Naquele momento as pessoas não estão mais escrevendo sobre a vida, finalmente estão vivendo a vida.

Poetas para quê?


Por Priscilla Rios
Há momentos pontiagudos, cortantes e inflamantes que não merecem ser escritos, detalhados, nem ditos. Senão parece que se deu mais importância do que devia. Daí ele se torna maior e maior. O negócio é parecer que nem doeu, totalmente indiferente a dor como se fosse possível.
As pessoas preferem assim. Ninguém gosta de ouvir outro alguém resmungando. Supervalorizando. Se doeu, engole o choro. Quem nunca ouviu engole o choro... Estou há quase 27 anos tentando aprender essa técnica e ainda não consegui engolir uma lágrima sequer.

sábado, 23 de maio de 2009

Não sei o que colocaram no meu copo...

Por Priscilla Rios


Gerúndios me acometem. Ando sonhando acordada e querendo chutar o balde.
Ir atrás do que sempre quis. Tirar um merecido tempo para os estudos, mergulhar de cabeça na gramática - sem medo, sem hífen e sem acento.
Ando divagando sobre o futuro, me visualizando em lugares que sempre quis estar e tudo está tão claro agora que até insulta os olhos.
Só podem ter colocado algo no meu chá. Estou tão segura de mim que o duvidoso nunca me pareceu tão certo. Não sei por que não vi antes. Eu tinha um pressentimento, mas não tinha idEIa de que tudo ia mudar tão rápido nesse começo de ano. Vai ver me faltava grau para enxergar os degraus dos obstáculos.
Agora só preciso lembrar o básico – a teoria que aprendi no primeiro ano de vida e que literalmente me levou pra frente – um passo de cada vez.
Admito. Fiquei medrosa depois de grande... dizem que quando maior se é, maior o tombo. Por precaução ou comodismo, preferi seguir à risca o ditado: Vê que vai cair, deita”. Ando deitada a tanto tempo, com medo de cair, que quase me esqueci à função dos pés. Agora é regra: Se quem tem boca vai a Roma, quem tem pés persegue sonhos.

Á-to-mo indivisível e insuperável

Por Priscilla Rios

Átomo. Partícula que se considerava o último grau da divisão da matéria e que atualmente é considerada como tendo uma grande complexidade de funções. Também pode ser: momento, ocasião, instante.


Às vezes eu queria ser duas, três. Às vezes eu consigo. Como uma fragmentação de moléculas (união de vários átomos) me sinto em pedacinhos minúsculos e exatamente por isso não consigo ir a lugar nenhum. Quando a dor é muita, eu literalmente me desfaço em lágrimas. Não sobra nada. Ou melhor QUASE nada. Às vezes é preciso chegar ao fundo do poço pra saber nossa própria profundidade. Aí você se dá valor, se sente completa mesmo sendo apenas UM ÁTOMO no universo. Ou ao menos se convence disso. Os movimentos voltam, a razão volta e o sentido de tudo fica mais apurado. Nessa hora eu deixo de ser “um” pra virar “O” Átomo (Foda). Menor que molécula, mas única e indivisível. Nada mais me quebra. Me sinto confiante e forte.

Até que te encontro e vejo que nada é páreo para as forças de Wan der Waals (débil atração eletrostática entre dois átomos). Sou molécula de novo. Como era de se imaginar, a temperatura sobe. Não sei dizer NÃO e nem deveria, até porque - nesse caso - se for colocar na balança os prótons (+) são mais pesados que os elétrons (-). Burrice minha se ficasse nêutron de tudo.

Porém se estou em pedacinhos, a energia estática toma conta. Fico definitivamente atoniada (enfraquecida). Até minhas decisões se tornam patéticas e o tempo vira um veneno que excita meus piores pensamentos, aqueles de realizar ilusões: pegar a mala, sair correndo pelo mundo, escrevendo sobre tudo sem nenhuma responsabilidade... vivendo de prótons.. de felicidade.

Nessas horas, a insanidade fica a um passo de molécula de mim e eu molecamente me envolvo de coisas pra fazer, pra não pensar em nada. Vou juntando o pó de realidade que me sobrou (a MATÉRIA da minha vida), assopro pra ver se ganha forma. E espirro pra me sentir viva de novo.

A atonia (inércia) cede espaço ao vigor. Sinto o sangue arder nas minhas veias, sinto a revolução que um espirro pode fazer com os músculos da face, sinto o meu corpo de súbito ir todo pra frente incontrolável. ATCHIM!!!! Um som e pronto. Alcanço o equilíbrio eletrodinâmico (carga positiva e negativa em igual quantidade). Me sinto tonta, estou inebriada de realidade. Atomicamente tudo volta a ser como era. Tenho um Núcleo (meta) de novo... penso em voz alta sem perceber: foco. Respiro fundo (é quase um suspiro “de quem dera fosse dessa vez”). Pego minha bolsa e vou trabalhar.

If you never failed, you never lived...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vê se vira o disco e adivinhe o que é o que é


Por Priscilla Rios
Molha a boca e queima como pimenta
Pinica o corpo como carrapicho
Incomoda como etiqueta de camiseta
Aborrece como pedrinha no sapato
Arde os olhos como cebola nova
Desnorteia como bússola quebrada
Dói como bolhas nos pés

...

E como as frases acima, nunca têm um ponto final. Você pode ter 15 ou 55, é organicamente impossível evitar. O cérebro perde o filtro e palavras torpes e doloridas são balbuciadas sem efeito. Satirizadas. Ridicularizadas. Reduzidas a alucinações disformes. Delírios sem alvo. Desmorona utopias e sonhos arquitetonicamente perfeitos. Geograficamente, é como em um terremoto, dura alguns segundos mas parece eternidade. Teoricamente, acontece quando as placas tectônicas da confiança mudam de lugar e uma cratera se abre sob nossos pés.
Na prática, você grita, esperneia, exemplifica com mágoas passadas, diz que vai fazer o mesmo, transpira ironia, faz bico, dá de ombros, franze a testa, finge que não está nem aí e escolhe com precisão palavras de perder o prumo. Tateia no escuro algo confiável, quando desconfia até da sua própria sombra. Gramaticamente é regra: somente nesses casos ciúmes e sem chão viram sinônimos.

Matemática


Por Priscilla Rios
Há uma linha tênue entre querer MUITO alguma coisa e querer ESTUPIDAMENTE alguma coisa.
Quando a gente quer MUITO uma coisa ela parece acontecer mais rápido seja pelo modo racional como agimos, seja pela confiança que inspiramos.
Quando a gente quer ESTUPIDAMENTE uma coisa não existe regras, segurança, confiança, não existe o racional. Como bicho a gente simplesmente quer e faz qualquer coisa por aquilo, nem pensa nas conseqüências. É praticamente a vilã da novela.
E claro, ESTUPIDAMENTE a gente quebra a cara quando vê quanta coisa destruiu só para conseguir uma coisa (é, o lucro passou longe). É pura matemática... pena que isso não seja o meu forte.