Por Priscilla Rios
É impressionante a capacidade do ser humano de adjetivar seus fardos e conquistas. É a entrevista que foi foda e a viagem que foi massa. A catedral que era fora de sério, a estátua que era perfeita e que provavelmente foi foda de fazer 500 anos atrás. Assim a viagem vai ganhando ares apoteóticos de um momento distante, bom demais para ser verdade e audaciosamente inesquecível. Um espetáculo que a gente faz questão de enfeitar da forma que mais nos convêm, afinal somos os faixas-pretas do adjetivo, ou melhor os língua-preta do adjetivo.
Podemos estar em plena praça San Pietro em Roma, mas sublinhar que o chocolate quente cremosamente irresistível é que estava maravilhoso!
Ainda sim prefiro ser megalomaníaca por adjetivos do que ter gerúndios coçando na boca, se escondendo na falta de criatividade, divagando em círculos só para mostrar que algo estava acontecendo quando finalmente outra coisa aconteceu. É um péssimo hábito do gerúndio ficar esperando por um ponto final e dos adjetivadores banalizar a ênfase das coisas fodas e massas da vida.
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