quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Como você se pinta e borda?

Por Priscilla Rios

Vamos falar de exterior. E não precisa ir muito longe nesse trem. Quando você se vê por fora, a ideia de você reflete quem você É? (sim, estou perguntando..)

Para a alegria de muitos, eles nem sequer calculam a imagem que refletem... A maioria das vezes, essa imagem é contrária de como realmente SÃO ou de como se SENTEM. Para outros, entre a “ideia esculpida de si” e o “ser” há praticamente um continente de distância e, para o infortúnio deles, eles sabem disso como ninguém. Enlouquecem tentando alcançar um parâmetro razoável pintando algo entre o que são e o que gostariam de ser. A obra de arte final sai tão remendada como o coração.

O fato é, num primeiro momento, as pessoas (sejam amigos ou amores) se apaixonam pela IDEIA de você. Exatamente como você se pintou e bordou. E talvez aqueles momentos de fúria, mal humor, tédio e ironia lasciva – aquelas que te fazem explicar ao mundo que você estava fora de si – seja exatamente o momento mais cru de você. É claro que você continua sendo você quando bem humorado, mas se está apaixonado – venhamos e convenhamos - é um pouquinho mais bem humorado que o normal. Se está caindo de amores, o saco de paciência é 5 vezes maior.

Pintar e bordar aqui é, ao pé da letra, fazer arte. Você esculpe você. E talvez só não se empenhe em diminuir seus defeitos (aqueles que você conhece muito bem e que já desconstruíram relacionamentos) porque está sempre focado em construir novas qualidades. Não se culpe, ser artista é um talento nato. Antes de admitir a culpa, a gente sempre inventa uma história pra jogar a pedra no outro. É assim no serviço e é assim na vida pessoal. “O casamento acabou porque ele nunca cedeu”, “O chefe vomitava sapos e você os engolia (você não, a ideia de você. Você mesmo jamais faria isso!!)” “O garoto era legal, mas veio avançando o sinal (até rimou rsrsrsrs)”, “a amiga era ótima, mas te disse umas coisas horríveis (ou seriam verdades horríveis?)”. Em todas essas situações tem sempre um dedinho da ideia de você. Em algum momento você deixou transparecer algo que não era. Ok ok, não vai carregar a culpa do mundo nas costas. Mas entenda que as escolhas, ações e reações modificam o todo ao seu redor.

Se você critica quem só valoriza o exterior, mas gasta o limite do cartão de crédito em roupas – a ideia de você te contradiz o tempo todo. Se você critica os apressadinhos, mas dá todos os sinais para o avanço de sinal, não culpe o mundo por essa infração.

Faça uma leitura de si mesma. Saia da vitrine por um segundo. Encontre suas prioridades (você tem uma vida inteira pra errar o ponto e bordar de novo). Pare de pensar no que os outros vão pensar. Inevitavelmente alguns relacionamentos vão acabar, mas esteja certo que você foi 90% você. Tire a ideia da cabeça e pinte, sem falso moralismo, exatamente o que você sonhou.

O que você ganha com isso?? Pra ser curta e grossa: Um L bem grande. Amigos, amores, aventuras e toda uma vida muito mais próxima do seu IDEAL, do que da IDEIA. E, num trocadilho infame, você não faz ideia de como é se sentir em casa - mesmo a quilômetros de casa - por um minutinho que seja.

2 comentários:

Ana disse...

Ótimo texto! Obrigada por esse momento, ando tão crua por ai de estar cansada da ideia de mim mesma. Mas mesmo assim a ideia que eu criei foi tão forte que as pessoas não me enxergam mais crua.
Deu para entender? risos.
Beijos!

Expressivas Impressões disse...

Deu pra entender sim! É como um ator que foi muito bom no papel do James Bond e quando sai na rua ainda é chamado como tal. Só que a gente não ganha um cachê gordo por isso. Se duvidar, no final, é a gente quem paga a conta.. hehehehehe