Por Priscilla Rios
Eu sabia que ela existia, mas não tinha consciência até entrar ingressar nela. As mulheres grávidas parecem pertencer a uma comunidade - quase sagrada e algumas até santificadas pelos maridos – com direitos, deveres e tratamentos completamente diferentes do restante do mundo. Nesse final do terceiro trimestre posso dizer enquanto a barriga me permite: que falta vão me fazer os caixas especiais do supermercado, furar a fila do banco sem peso na consciência, ganhar lugar no ônibus lotado, andar no lugar mais espaçoso do carro, poder repetir quanto quiser as bobeiras que eles dão no avião sem receber caras feias, e todo mundo no trabalho oferecer tudo o que está comendo (medo de terçol rsrsrsrs), ganhar um sorriso e o clássico carinho na barriga onde quer que eu vá, fazer drenagem linfática de graça pela Unimed e ganhar presentes por 9 meses. É, os benefícios da função já se provaram melhores que a remuneração.
Parece que a conversa só é de igual para igual entre grávidas, talvez por isso a gente sempre torce para engravidar ao mesmo tempo que uma grande amiga. Nada como compartilhar as interrogações, exclamações, namorar as mesmas vitrines e ter 9 meses para repassar assuntos profundos e supérfluos sobre o mesmo tema. É a tal da formação da vida, cujas mães de segunda viagem são doutoras.
E quem é mãe de um é mãe de todos.. está sempre reparando em como os outros educam ou deseducam os filhos. Uma simples espera no pediatra é um remoer de julgamento ou uma troca de elogios.. “como está lindo, como está grande, como é educadinho...”. Mas se está grávida, a primeira lei da comunidade é: não reparar no terrível comportamento do filho alheio senão seu filho pode nascer igual. Aí é um tal de bater na madeira e Deus me livre pra lá, Deus me livre pra cá. Na terra de faz de conta da comunidade do bolinha todos querem parir príncipes. Sapos cururu só na lagoa.
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