Por Priscilla Rios
Como é duro dar o braço a torcer. Admitir, engolir seco e voltar atrás. Nada parece ser como antes, o cristal já rachou, a mágoa praticamente criou raízes, mas entre o pensar e o balbuciar há um abismo tão grande que quase perde o sentido tocar na ferida.
O certo e o errado perdem a razão, a inocência de antes ganha ares devassos e todas as palavras soam com duplo sentido.
Se a culpa é um fardo duro de carregar, o orgulho é um fardo levado a sério demais pra ser deixado de lado. Tudo pesa em dobro na balança e deixa duplamente dividido.
E mesmo quando você já sabe a resposta, fazer o certo é sempre muito mais difícil. Requer mais do que coragem (e é facilmente confundido com humilhação), requer força de vontade + 100% certeza. Todo mundo quer ter 100% certeza antes de tomar uma decisão DEFINITIVA. O problema é que essa “certeza” raramente conhece a DEFINIÇÃO dos 100%.
Se arriscar, dar o braço a torcer e se jogar de costas na incerteza, sem saber se o feedback será positivo ou negativo parece tão louco e tempestuoso do que simplesmente “deixar a vida me levar”.
Ai ai.. se a gente tivesse o dom de simplificar as coisas. Mas basicamente - assim como é mais fácil fazer o errado - complicar sempre parece mais simples. É com essa ilusão de simplicidade que a gente vive quebrando a cachola, tentando desentortar pau que nasce torto... atando e desatando nós como quem resolve aprender crochê da noite para o dia, sem saber exatamente o quê estamos construindo ou destruindo.