sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Indigna + a + NAÇÃO!


Por Priscilla Rios

Bem vindo ao clube do “não sabemos o que estamos fazendo nesse mundo!”. Os habitantes dessa comunidade são de extrema má vontade, tem uma voz irritante e a habilidade de contornar situações com patéticas frases de efeito: “eu vou ver o que a gente PODE ESTAR FAZENDO”; “TENTA MAIS TARDE”, “eu não tenho NADA a ver com isso”. Tradução: espera deitado.

A movimentação desse povo é tão devagar quanto a fala. Seres camuflados de pessoas que literalmente vieram nesse mundo a passeio e vivem num ritmo de “não sei quem e não sei onde”, é assim mesmo, um ritmo tão perdido quanto essa frase no texto.

Tentar um diálogo com os seres “não sabemos o que estamos fazendo nesse mundo” é o mesmo que ter que fazer uma ligação pra China sem falar uma palavra em Chinês, sabendo que não adianta desenhar nem fazer mímica. Coisa de outro mundo mesmo.

Esse jeito meio tapado de ser é típico de pessoas que fazem o que não gostam, estão insatisfeitas com o salário e acham que cumprir o dever é esquentar o banco da empresa das 8h às 18h. Suas mentes estão diretamente conectadas com o ponteiro do relógio, embora elas não consigam resolver nada em frações de segundos. São horas só pra fazer o download, isso depois de explicar o negócio dez vezes.

E depois de dez vezes explicando a mesma coisa, você começa a se perguntar se o “ser” está fazendo isso de propósito. Começa a achar que a inteligência alienígena é muito maior do que vc pensava. E que sim, enquanto vc está ralando pra fazer o negócio acontecer, ele está lá empurrando o mundo com a barriga e recebendo as azulzinhas sem levantar a bunda. Coisa de profissional.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Mea culpa

Por Priscilla Rios

Vamos mexer com quem estava quieto.

Existem momentos de pura crueldade do ser humano. Ele fala o que não acredita com o raso intuito de ferir, e normalmente ferir quem mais gosta. Enquanto aqueles que ele nunca gostou jamais ouviram uma centelha sequer dessas palavras cortantes.

Esse é o momento mais revelador do seu eu primitivo e egocêntrico. E é mentira dizer que você não sabia o que estava dizendo... pelo contrário. Temos a perspicaz capacidade de medir muito bem as palavras para que elas atinjam o ponto exato que desejamos. O problema é que fazemos uso dessa ferramenta irresponsavelmente.

O certo seria dizer que falamos sem sentir e não sem pensar. Porque naquele momento o coração magoado entrega toda a insatisfação para a razão tentar resolver. E a razão que nunca teve um posto de muita importância dentro da empresa, no momento em que é promovida fica arrogante. Diz tudo o que ficou entalado com vogais e consoantes afiadas. Só depois que a razão vomita todos os sapos com sua aspereza nada sutil, é que o coração assume novamente o posto com a desculpa de que não sabia onde estava com a cabeça....

E não importa se passarem 10 dias ou 10 anos, aquele momento de total irresponsabilidade psíquica persegue os teus melhores sonhos. Pior ainda, assusta a possibilidade de que aquele ser humano cruel seja você. Você que sempre se considerou uma boa pessoa...

O pior é que às vezes essa insatisfação é velada e não se revela em palavras, mas com atitudes na surdina. Como segredos bem guardados no baú e que você treme só de pensar que um dia eles podem sacudir a poeira e sair atleticamente correndo de lá (vai malhando, porque se for sedentário não vai alcançá-los nunca rsrsrsrs).

É fato: tem coisas que o tempo apaga e outras que ele apenas põe pra dormir. O sentimento de culpa é assim.. por mais que passem décadas primaveris, ninguém escapa desse fantasma.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

My WORLD


Por Priscilla Rios

Dessa vez não fui eu, foi o mundo que mudou. Ele me parece mais largo, mais amplo, mas sábio. Plural por fora e individual por dentro. Moleque travesso, como que na ponta dos pés para alcançar o que quer na estante. Dessa vez não fui eu, eu juro. O mundo é que está diferente. Ganhou personalidade. In the past was just IT now it seems HE. And now more than ever he is blue, but not a sad blue, otherwise, happy. Eu consigo ouvir blues saindo de dentro do mundo. Uma canção baixinha que toca quando vejo movimentos em câmera lenta: pessoas roubando mangas do pé, minha família inteira correndo na chuva na virada do ano, meu marido me surpreendendo com uma declaração fora de hora, minhas amigas tomando iniciativa e fazendo o que sempre sempre sempre quiseram, assim mesmo e com essa repetida intensidade. É a engrenagem velha e arcaica da ordem desordenada das coisas voltando a funcionar e ganhando novo fôlego nesse novo ano. Me refiro àquelas coisas sem sentido na hora e que recebem um significado todo especial meses depois. Não sei se acordei com “olhos de pétalas” e estou enxergando o mundo com uma suavidade tocante, ou se ainda estou dormindo e nos meus sonhos são só flores! Se ontem eu queria consertar meu mundinho hoje ele me parece uma obra-prima, que sobrevive perfeitamente sem mim e eu é que tenho sorte de poder de dentro do mundo conseguir ter uma visão de fora dele. Como uma extraterrestre admirando os terráqueos. E hoje eles me pareceram tão inofensivos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Wishes 2010


Por Priscilla Rios

Se eu pudesse resolveria o meu mundinho...

Casaria os meus melhores amigos uns com os outros. Daria-lhes filhos na mesma época em que tivesse os meus só para crescerem amigos. Moraríamos todos na mesma rua, para poder pedir o açúcar emprestado sem cerimônia e saber que a casa está bem cuidada nos períodos de viagens rsrsrsrsrs. Nos encontraríamos com mais frequência ao longo do ano e faríamos planos de viagens que sairiam do papel de uma vez por todas!! Reencontraria o povo da infância pelo menos 1 vez por ano para pôr as fofocas em dia. Comeria comida japonesa duas vezes ao mês, peixe em casa duas vezes na semana (talvez três), sairia para jantar fora com mais frequência (ouvindo bossa ao vivo), iria ao cinema semanalmente (coisa de cinéfila), veria meus pais pelo menos uma horinha todos os dias (nada de cortar o cordão umbilical), comeria mais brigadeiro na panela, colocaria o pé na estrada e a cara no mundo duas vezes por ano e enfim, andaria sem medo no escuro.

Tribute to the artist Jing Wei


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dia de confete

Por Priscilla Rios

Tem dias em que eu devia era ficar dormindo. Nem levantar da cama. É aquele dia em que você se sente um lixo, incapaz de conquistar suas metas mais simples. Começa a se perguntar se está no caminho certo; se depois de batalhar por anos a fio pelo que quer (aliás, se é mesmo o que quer..), se vai valer a pena. Nesses dias de desânimo, baixa estima e auto-piedade até o bom humor e o empreendedorismo das pessoas irrita. Só o que eu preciso para voltar a enxergar as cores das minhas ambições é confete. Ser elogiada, ser mimada, requisitada. Coisa de quem precisa ser lembrada de sua importância intergaláctica para a sobrevivência do planeta. E ainda que esses mimos sejam pura ilusão, me fazem acordar heroína no dia seguinte. Capaz de reescrever vários finais felizes para a minha história. É justamente para momentos assim que pintaram e bordaram o ditado: nada como um dia após o outro....