segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Mea culpa

Por Priscilla Rios

Vamos mexer com quem estava quieto.

Existem momentos de pura crueldade do ser humano. Ele fala o que não acredita com o raso intuito de ferir, e normalmente ferir quem mais gosta. Enquanto aqueles que ele nunca gostou jamais ouviram uma centelha sequer dessas palavras cortantes.

Esse é o momento mais revelador do seu eu primitivo e egocêntrico. E é mentira dizer que você não sabia o que estava dizendo... pelo contrário. Temos a perspicaz capacidade de medir muito bem as palavras para que elas atinjam o ponto exato que desejamos. O problema é que fazemos uso dessa ferramenta irresponsavelmente.

O certo seria dizer que falamos sem sentir e não sem pensar. Porque naquele momento o coração magoado entrega toda a insatisfação para a razão tentar resolver. E a razão que nunca teve um posto de muita importância dentro da empresa, no momento em que é promovida fica arrogante. Diz tudo o que ficou entalado com vogais e consoantes afiadas. Só depois que a razão vomita todos os sapos com sua aspereza nada sutil, é que o coração assume novamente o posto com a desculpa de que não sabia onde estava com a cabeça....

E não importa se passarem 10 dias ou 10 anos, aquele momento de total irresponsabilidade psíquica persegue os teus melhores sonhos. Pior ainda, assusta a possibilidade de que aquele ser humano cruel seja você. Você que sempre se considerou uma boa pessoa...

O pior é que às vezes essa insatisfação é velada e não se revela em palavras, mas com atitudes na surdina. Como segredos bem guardados no baú e que você treme só de pensar que um dia eles podem sacudir a poeira e sair atleticamente correndo de lá (vai malhando, porque se for sedentário não vai alcançá-los nunca rsrsrsrs).

É fato: tem coisas que o tempo apaga e outras que ele apenas põe pra dormir. O sentimento de culpa é assim.. por mais que passem décadas primaveris, ninguém escapa desse fantasma.

Um comentário:

Dani Morisson disse...

Meu Deus do céu! Isso não é um texto! É um soco na boca do estômago do leitor desavisado (e muitas vezes, culpado). Muito bem escrito. Desfecho impecável! Essa é a minha garota!