sábado, 6 de dezembro de 2008

Tanto tempo sem tempo pra nada

Ando pensando no futuro. O problema é que o futuro parece sempre tão distante e quando assusto! Já passou! Planejo de cá, planejo de lá. Crio mestrados e doutorados pomposos que nunca saem da Terra do Nunca. E a cada ano novo imponho: vou trabalhar nos horários devidos e separar um tempo pra me jogar de cabeça nos estudos, como sempre quis.

Que nada! A cada ano me sinto mais e mais atarefada. Olho pro criado-mudo e vejo livros empilhados e empoeirados que comecei e não tive tempo de terminar. Livros deliciosos que eu devoraria no primeiro final de semana. Mas o que são finais de semana mesmo??

Arrasto-me do serviço pra casa no meio da noite. Guardo minhas últimas energias do dia para a chegada triunfante no lar doce lar. Quando desço do carro meu cachorro espera ansioso o merecido carinho do dia, a planta que adoro na entrada de casa faz pose pra receber um afago, o marido espera com os olhos fixos no relógio uma palavra de consolo e afeto, os pais esperam o retorno da ligação querendo saber notícias.

Assim conforme o tempo diminui, as olheiras aumentam. Os livros se empilham. Os cursos se enfileiram. Os finais de semana acabam. A dívida comigo mesma fica maior e maior. Como nessa sucessão de frases curtas os meus dias vão passando sem vírgulas. No máximo ponto e vírgula pro almoço.

Só me dou ao luxo pra refletir quando coloco a cabeça no travesseiro. O corpo está tão cansado que caio no sono antes de completar o pensamento.

E eu, que não reclamo de trabalho, só sei contar os dias para as férias. A repetição é inevitável e vou me sentindo irritantemente repetitiva o tempo todo. Minha produtividade está tão gasta como sola de sapato velho. Aquele que eu usei o ano inteiro pra baixo e pra cima sem dar folga. E folga é justamente a palavra que não sai da minha cabeça. Folga, acredite, pra poder fazer um monte de coisas. Pintar quadros, ler livros, escrever livros, comer frutas, andar descalço, estudar novos idiomas, jogar conversa fora, me esticar na rede, ver filme juntinho, dormir fora de hora, acordar sem despertador.

Tudo isso pra mim são promessas velhas, vindas de uma política sádica, e só discursadas no ano novo. Mas quem sabe eu me surpreenda em 2009. Estique o tempo, a diversão, a família e pondere o trabalho. Ops! Comecei a planejar de novo!

Ando em círculos para evitar que a falta de tempo vire uma prática, sem me dar conta que o cíclico já virou hábito. Sequer poderia dar um ponto final nisso. O mais seguro seria um ponto quadrado pra não cair redondamente no mesmo erro. O jeito é torcer por um 2009 quadrado e ir aparando as arestas sem pressa. Bolinhas só no all star que eu desejo comprar (se eu tiver tempo).

5 comentários:

Dani Morisson disse...

Ah o tempo. Realmente eles insiste em se arrastar justo nas partes mais chatas. Ao menos ele foi bonzinho dessa vez e te concedeu o tênis de bolinhas! Sempre bom "te ler". Vou ficar freguesa desse "cantinho verde esperança". Bjim

Anônimo disse...

Tempo!! kkkkkkkkk, este realmente é o que vai faltar quando tiver o herdeirinho ou herdeirinha.
AH!!!! eu é que sei rsrsrs.
Mas essa falta de tempo vale a pena, pq faz todo sentido qdo se vê aquele sorriso inocente, dizendo EU TE AMO MAMÃE!!

BAHHHHH! ADOREI ESSE CANTINHO TB, BEIJÚSSS RÊ

Anônimo disse...

Bonitinha...

Não seja tão exigente com você mesma. As vezes burlar o tempo e não cumprir os "compromissos" pode ser até divertido.
A vida passa muito rápido. Viva, ame e relaxe.
bjs

Anônimo disse...

Pri,

Queridinha te amo muito! rsrs
viva cada momento como se fosse o último e relaxa!.

Bjim

gladis linhares disse...

Oi Priscila...tem um monte de comentários legais aí em cima...vou te dizer uma coisa que não é nova, só pra te lembrar: o tempo é igual para todos. as oportunidades é que são diferentes...a nossa organizaçao e prioridades na vida é que mudam...sei o que é trabalhar, trabalhar, estudar, trabalhar, cuidar de filho de casa...trabalhar, estudar...mestrado, doutorado, publicações, o filho cresce e voce também! Não lamente o que passou, faça o presente!
beijos